BIJLMERMEER
Matéria publicada no HET PAROOL 10-12-2006
Antes de vir morar no centro de Amsterdã, eu morava no Bijlmemeer. Achei esta matéria no jornal e venho
Há 40 anos atrás foi posta a primeira pedra para o Bijlmermeer, uma expansão de Amsterdã. 40.000 casas ofereceriam lugar às novas pessoas, na procura por espaço, verde, aquecimento central. Mas a realidade tornou-se uma surpresa: falta de dinheiro fez com que o desenho urbano sofresse de todos os lados e no lugar das esperadas famílias das áreas de renovaçao da cidade, vieram os artistas, homosexuais e sacerdotes perdidos encontrar um lugar seguro no bairro do futuro.
O urbanista Siegfried Nassuth, que morreu há alguns anos atrás, conviveu bastante com a destruição do sua criação, o Belmermeer.
Os característicos prédios altos foram demolidos e deram espaço a ordenadas casas pra uma família, sem gosto e sem sal.
Nassuth não gostou na verdade, mas também ele não se sentia azedo por isso, em 1998 ele foi reconhecido por seu trabalho com o honroso prêmio dos Fundos de Artes Plásticas.
O desenho do novo bairro, foi uma reação à criação do bairro Westelijk Tuinsteden, onde as pessoas reclamaram da falta de espaço, sem aquescimento central, a falta de verde e a presença maciça de carros.
O Belmer ganhou muito espaço, com amplas moradias e muito verde e caminhos separados pra pedestres, bicicletas e carros.
Em 1966 quando o primeiro alicerce foi erguido, começou o recrutamento das famílias oriundas das zonas de renovação da cidade. O município tinha planos para a demolição de 50.000 casas até o ano 2000. Por isso, mais de 10.000 casas seriam necessárias pra atender a nova demanda, sendo construídas nas bordas da cidade, no Norte, em Amstelveen e no Bijlmer.
As novas construçoes do Bijlmer deveriam alojar 100.000 pessoas, provendo uma vizinhança verde e segura, com muitas conveniências coletivas.
Este último seria muito importante e espelhava a estimativa dos anos 60 e 70, onde um novo ser humano surgiria. E esta nova pessoa teria necessidade não somente a aquecimento central, espaço, mas também atividades diversas e desenvolvimento.
Os planos urbanos planejavam um espaço comunitário onde se realizaria cursos de macramê, se prepararia quitutes surinamês ou se organizaria protestos controu um ou outro mal.
Mas a realidade mostrou-se por todos os lados ao contrário.
Já no começo das construções havia muita gente contra e não havia dinheiro suficiente pra executar todo o plano.
A falta de dinheiro levou a mudanças drásticas dos planos. Nos originais, os prédios deveriam possuir apenas 6 andares para moradia, o que se tornaram 10 no final, sacrificando as conveniências coletivas e a rua interna.
No início deveria haver um elevador pra casa 45 apartamentos, o que veio a ser 1 para cada 100!
Dessa maneira, ficou fácil prever os problemas: O uso intensivo dos elevadores provocaria quebras constantes. E se um elevador quebrasse, isso levaria ao uso mais intensivo de um outro, que também quebraria.
E também com a população do Bijlmer, aconteceu algo diferente do que foi esperado. Ao invés das famílias com crianças, parece que a nova área habitacional tinha um poder de atração sobre tipos excepcionais, casos raros, como descreveria a município anos mais tarde numa avaliação do projeto.
Pessoas ajuntadas, não poderiam se inscrever em lugar nenhum de Amsterda, com excessao do Bijlmer. Artistas, jornalistas, homo's e sacerdotes descarrilhados encontravam seu refúgio no Belmer.
E mais tarde vieram grandes hordas de imigrantes surinames, antilhanos e africanos.
Em 1992, em outubro, eu me mudei pro Bijlmer. Exatamente no dia em que aconteceu o acidente de avião lá.
Na verdade o acidente aconteceu por minha causa.
Eu, com a minha presença maligna e vampiresca, atraio catástrofes. Por exemplo, sempre que eu vou a Florianópolis, a maré enche, o vento sopra forte.
Na primeira vez que fui a Nova Iorque, um mês depois de eu ter estado lá, aconteceram os terríveis ataques às torres gêmeas.
E no caso do Belmer, no dia da minha mudança, um avião caiu sobre um dos prédios, causando o estrago que é mostrada abaixo:
Foto bijlmerramp 1992 --- Copyright 1992 by Ruud
Deze foto is genomen op maandag 5 oktober 1992 's-avonds om ongeveer 18.00 uur.
Copyright 1992 by Ruud
Abaixo, foto do prédio onde eu vivi, ao mesmo estilo do prédio atingido acima.
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